segunda-feira, 29 de outubro de 2007

SERRA E KASSAB CENSURAM A IMPRENSA

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 708


Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.


. O prefeito de São Paulo (também conhecido como presidente eleito) José Serra, através de seu subordinado Gilberto Kassab, prefeito da cidade de São Paulo, resolveu re-escrever a lei de imprensa.

. Tudo para proteger a Folha e o Estadão, já que o presidente eleito não perde tempo em curvar-se diante do PIG, o Partido da Imprensa Golpista.

. Serra/Kassab baixaram uma lei que diz:

. Os jornais gratuitos só podem existir se:

- tiverem 80% de material jornalístico (e, portanto, apenas 20% de publicidade);

- não podem ser distribuídos nos semáforos (?) – que é como os paulistanos se referem aos sinais luminosos de trânsito;

- sua circulação depende – mesmo se respeitada a relação 80%-20% - do desígnio pessoal e arbitrário de Serra/Kassab.

. Para começo de conversa, vamos ao ponto: grana.

. Os três jornais diários gratuitos distribuídos em São Paulo – Destak, Metronews e Metro têm uma circulação de 400 mil exemplares/dia.

. Isso é maior do que a circulação diária da Folha e do Estadão, por dia, na cidade de São Paulo.

. Como em Paris, Londres, Madrid, Nova York, os jornais gratuitos se tornaram um concorrente importante dos jornalões impressos diários.

. Agora, uma pergunta inútil: por que Serra/Kassab não incluem na PPP (a “lei” Serra/Kassab sobre jornais gratuitos é o 26º. Artigo, parágrafo 2, de uma “lei” sobre as PPPs) um dispositivo que exija da Folha e do Estadão essa mesma relação: 80% matéria jornalística, 20% publicidade ?

. Será que eles quebrariam ?

. O presidente eleito Serra/Kassab já parou para contar como ficaria essa relação hoje em dia, com o boom imobiliário do Governo Lula, que engordou (de publicidade) a Folha e o Estadão ?

. E quem disse que Serra/Kassab substituem a Lei de Imprensa ?

. E por que 80% ? Por que não 83,77% ? Ou 75,999999999999 % ?

. Que ciência fixou esse critério ?

. E quem disse que publicidade não é informação ?

. E se o presidente eleito quiser vender o “Aero Serra” ? - vai anunciar onde ?

. Por que não num jornal gratuito ?

. Quando é que a Folha e o Estadão vão escrever um editorial em defesa da liberdade de imprensa dos jornais gratuitos ?

. Serra, o último autoritário (clique aqui para ler), já foi editorialista da Folha: poderia fazer esse como free-lancer ...

Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".

O Conversa Afiada encaminhou esse artigo ao governador José Serra e ao prefeito Gilberto Kassab para saber se eles têm algum comentário a fazer a respeito desse assunto. Aguardamos resposta.

(http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/462501-463000/462765/462765_1.html)



sexta-feira, 26 de outubro de 2007

. Faz parte da ideologia do PIG desqualificar o Rio e enaltecer São Paulo.

. A Polícia do Rio, por exemplo, tem o Capitão Nascimento, aquele que arranca confissões com saco plástico na cara dos interrogados. (*)

. Uma das maneiras de desqualificar o Rio é tratá-lo como a cidade mais violenta do planeta, tão insegura quanto Bagdá à noite.

. (Clique aqui para ver o que o Governo do Rio faz para combater a pobreza – e a violência – no Alemão, em Manguinhos e na Rocinha).

. No entanto, a realidade dos fatos não é essa.

. Vejam o que diz o ex-blog de Cesar Maia (prefeito do Rio):

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – site - ÚLTIMOS DADOS - 2003!

Capitais: Belo Horizonte, Rio e S.Paulo! Ocorrências por 100 mil habitantes!

1. Homicídios: BH 50,6 / RIO 38,5 / SP 40.
2. Estupros: BH 20,46 / RIO 11,07 / SP 22,56.
3. Delitos envolvendo drogas: BH 129 / RIO 68,5 / SP 59,7.
4. Delitos de trânsito: BH 477,6 / RIO 206,2 / SP 226,2.
5. Roubos+Furtos: BH 2.210,1 / RIO 2362,4 / SP 3437,9.


. Não se pode esquecer que, até prova em contrário, os números da criminalidade de São Paulo – especialmente na gestão Alckmin – têm a credibilidade dos números da tesouraria do Corinthians.


(*) Quem, aparentemente, usava saco plástico para arrancar confissão de preso é o delegado Pedro Luiz Pórrio, aquele, que, aparentemente, recebia mesada do narcotraficante Abadía (clique aqui para ler).


(http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/462501-463000/462532/462532_1.html)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mídia seletiva: por que eu não vejo uma notíca como essa no UOL, Veja, Estadão, Folha ou Globo?


Casal é espancado dentro de ônibus por “judeus ultra-ortodoxos” por se recusar a sentar em bancos separados

A nota é da Agência Efe e informa que “cinco judeus ultra-ortodoxos atacaram ontem, em Jerusalém, uma jovem e um soldado por se negarem a se sentar em assentos separados em um ônibus”.

E como sempre essa informação foi solenemente ignorada pela mídia.Imaginaram se os agressores fossem muçulmanos?...

A nota diz ainda que, “quando o ônibus chegou a seu destino, Beit Shemesh, a oeste de Jerusalém, entre 40 e 50 judeus ultra-ortodoxos repreenderam os policiais que foram enviados ao local e destruíram os pneus de alguns carros da Polícia”.

De acordo com o o jornal israelense Ha'aretz, “esse não foi o primeiro caso de violência em Beit Shemesh. Embora não seja uma cidade de maioria ultra-ortodoxa judaica, os membros desta comunidade já protagonizaram diversos incidentes para pedir à companhia de ônibus que abra linhas nas quais as mulheres e os homens possam se sentar separadamente”.

A policia informou que apesar do espancamento, nem o soldado e nem a jovem “precisaram ser hospitalizados”.

(http://blogdobourdoukan.blogspot.com/)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

"É CHEGADA A HORA DE MODIFICAR A REALIDADE": entrevista com o jornaleiro que decidiu parar de comercializar as revistas Veja, Época e Primeira Leitura.
Segue trecho do texto Tropa de Elite e as elites, de Laerte Braga, no http://www.fazendomedia.com/. Uma boa resposta para a pergunta: quem é a elite?

Não se trata de generalizar em relação às elites. Claro que não. Elites aqui são uma categoria que se apropriou do Estado e faz do Brasil uma espécie de roça de cana onde a escravidão ainda permanece disfarçada sob outros rótulos.

Não é empresário dono da padaria, do restaurante da esquina, nada disso. É exatamente o que representam GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO, a hipócrita disputa de Edir Macedo com a família Marinho, ou qualquer bandido como Renan Calheiros e sua troupe de vacas mágicas ou senadores que buscam avidamente o leite das crianças nas propinas nossas e no voto secreto de cada dia.

O País está se desmanchando por aí. Acaba em pizza e na PLAYBOY, do mesmo grupo que edita VEJA.

É pra se pensar...

domingo, 21 de outubro de 2007

O relatório da Article 19 e a grande mídia brasileira, do prof. Venício A. de Lima.

Destaco três pequenos trechos:

O relatório constata que "a atual situação brasileira está longe de satisfazer padrões internacionais nesta área. Os veículos de comunicação social estão concentrados nas mãos de poucos, em violação ao direito da população de receber informação sobre assuntos de interesse público de uma variedade de fontes".

Segue o relatório: "Seis empresas de mídia controlam o mercado de TV no Brasil, um mercado que gira mais de 3 bilhões de dólares por ano. A Rede Globo detém aproximadamente metade deste mercado, num total de 1,59 bilhão de dólares. Estas seis principais empresas de mídia controlam, em conjunto com seus 138 grupos afiliados, um total de 668 veículos midiáticos (TVs, rádios e jornais) e 92% da audiência televisiva; a Globo, sozinha, detém 54% da audiência da TV (em um país em que 81% da população assiste à TV todos os dias, numa média de 3,5 horas por dia)".

Soluções para a questão da concentração da propriedade dos meios de comunicação social devem ser consideradas pelo governo, inclusive através: da adoção e efetiva aplicação de regras claras e justas sobre concentração da propriedade que preservem e protejam o interesse público na radiodifusão; e da utilização da diversidade como critério para concessão de novas licenças de rádio e TV, assim como, em casos significativamente sérios, para a renovação de licenças.



Vale a pena ler...
Parte da entrevista concedida à Carta Capital pelo jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, autor de "Che Guevara - Uma Biografia" (Ed. Objetiva).


Comentando a resportagem de capa da Veja: "O artigo de Veja é ridículo! Baseado em fontes parciais e comprometidas, sem nenhuma novidade, é um exemplo singular de jornalismo barato, ou seja, construído a partir do nada, mas com objetivo de fazer sensacionalismo. Embora aparente ser jornalismo investigativo, na realidade é puramente tablóide."

CartaCapital: É verdade que Che Guevara se acovardou em seus últimos momentos, dizendo: "Não disparem. Valho mais vivo do que morto"?
Jon Lee Anderson: Não me consta e francamente duvido disso. Tudo leve a crer que, pelo contrário, demonstrou muita coragem em seus últimos momentos, como havia demonstrado antes. Não se acovardou. Isso é invenção para desacreditá-lo.

CC: Che foi um assassino frio e cruel? Tinha prazer em matar?
JLA: Che queria mudar o mundo. Não foi cruel. Foi, isso sim, uma pessoa muito severa (mas totalmente justificado pelas normas de guerra) na guerrilha cubana com traidores, desertores e demais. Executou algumas pessoas e ordenou a execução de outras. Depois do triunfo, presidiu os tribunais para criminosos acusados de delitos pelo antigo regime, tais como tortura, violação e assassinato. Centenas deles foram julgados e justiçados. Posteriormente, houve uma tentativa de um grupo de críticos da revolução cubana de reviver essa época e apresentar o Che como uma espécie de assassino em série, como fez Veja. A verdade é que Che se comportou como um soldado encarregado de uma tropa em precárias condições e com responsabilidade de um oficial. Não fez nem menos nem mais do que qualquer outro militar confrontado com situações de vida ou morte. (...) Ninguém nunca acusou Che e seus combatentes de haver matados soldados inimigos capturados, nem os feridos que encontraram. Ao contrário: Che os socorreu pessoalmente ou providenciou para que fossem socorridos. Em alguns casos libertou soldados presos, à diferença da tropa de Batista, que assassinou rebeldes capturados e civis simpatizantes também. Descontextualizar as ações de Che na guerra, além de tendencioso, é totalmente absurdo do ponto de vista histórico.
(...)

CC: Che matou gente com suas próprias mãos?
JLA: Que soldado não mata? A guerra é um teatro bélico no qual os homens enfrentam sua própria morte e tentam matar os inimigos para que não os matem.

CC: A biografia do Che é a história de um fracassado, como defendem alguns?
JLA: Isso depende da ótica política de cada um, obviamente. Eu acho que o legado do Che é mais inspirador do que derrotista. Quer dizer, é certo que ele não trinufou em seus esforços para fomentar a revolução em países como o Congo e a Bolívia. Mas o legado que deixou, de que um homem pode tentar mudar o mundo e que pode deixar um exemplo que estimule outros a segui-lo - inclusive depois de morto -, é mais duradouro. Universalmente, o Che é, fracassado em vida ou não, visto como um herói, um símbolo de rebeldia e princícpios diante de um status quo injusto. Isto é o que enlouquece os de direita, o que os incomoda: que Che siga potente como um símbolo, um mártir, um herói. Que herói eles têm para ostentar a raiz da Guerra Fria, alguém que a garotada queira pôr em camisetas? Pinochet???

CC: O senhor é um fã de Che? Acredita que ele seja um herói?
JLA: Sou seu biógrafo, não um fã. (...) O Che tem meu respeito, isso é verdade. (...) Se no meu julgamento tinha aptidões de herói? Sim. Viveu de uma forma muito heróica, sobretudo ao final. E morreu com valentia. Isso, como sempre foi através da história, o faz um herói. Assassinar um homem ferido e depois esconder seu cadáver, isso é covardia. Qualifica-se como um crime de guerra.


Em outra reportagem, "Che Morreu de Pé", Maurício Dias escreve:

Enquanto isso, algumas cervejas tinham dado novo ânimo a Terán, que voltou para prisão de Che. À sua chegada, Guevara (amarrado pelos pulsos à frente do corpo) levantou-se e exclamou: "Sei porque está aqui. Estou pronto". Terán lhe respondeu: "Está errado. Sente-se", abandonando mais uma vez o local. (...) Ao ver Terán entrar de novo o prisioneiro levantou-se mais uma vez para enfrentá-lo. Terán mandou que ficasse sentado, mas Guevara respondeu: "Agora quero ficar em pé". Enfurecido, o sargento o intimou para que sentasse. Mas Che perdeu a calma: "Saiba que está matando um homem" (...).
(Relatório do Exército norte-americano - 28 de novembro).


(Carta Capital, 17/10/2007, pg. 49, 50 e 51)

sábado, 20 de outubro de 2007

O Ministério Público de Mônaco confirmou que o pedido de extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola foi considerado aceito. A concessão ou não da extradição ao Brasil será decidida nesta semana pelo Tribunal de Apelações, segundo a rádio CBN.

Na capa da Caros Amigos, Paulo Henrique Amorim diz que Cacciola é a bomba do RioCentro no colo do FHC. Esperar pra ver...

Vencedor de Nobel pede desculpa por comentário racista

  • O cientista americano James Watson, fez um pedido de desculpas por sua declaração. "Estou mortificado com o que aconteceu. (...) O pior de tudo é que eu não consigo entender como eu pude ter dito o que me citaram dizendo. (...) Eu certamente posso entender por que as pessoas, ao lerem essas palavras, reagiram da forma como aconteceu. A todos aqueles que entenderam de minhas palavras que a África, como um continente, é de alguma forma geneticamente inferior, posso apenas fazer um pedido irrestrito de desculpas. Não foi o que eu quis dizer (1). O mais importante de tudo, do meu ponto de vista, é que não existe base científica para se crer nisso (2)".
  • O jornal londrino The Sunday Times, que publicou as declarações na mais recente edição de sua revista dominical, informou hoje que a entrevista foi gravada e que o veículo reproduziu fielmente as palavras do cientista.
  • Em Nova York, o Cold Spring Harbor Laboratory, um dos mais conceituados do mundo na pesquisa do câncer e de doenças neurológicas e do qual Watson é embaixador, afastou o biólogo molecular de 79 anos de suas responsabilidades administrativas.

(1) O que o Nobel de 1962 quis dizer então?
(2) Na declaração original, ele pareceu bem enfático: "Nossas políticas sociais são fundadas no fato de que sua inteligência (dos africanos) é a mesma da nossa (ocidentais brancos), enquanto que todas as pesquisas dizem que não é exatamente este o caso"

Reações à declaração do Nobel de Medicina de 1962, o americano James Watson, envolvendo inteligência dos africanos:

A declaração:

"Nossas políticas sociais são fundadas no fato de que sua inteligência (dos africanos) é a mesma da nossa (ocidentais brancos), enquanto que todas as pesquisas dizem que não é exatamente este o caso".

Reações:

Museu de Ciências de Londres: "Sabemos que cientistas eminentes podem às vezes provocar controvérsias e o Museu de Ciências não recua diante de um debate sobre idéias controversas. (...) Mas o Museu considera que as recentes declarações do prêmio Nobel James Watson passaram dos limites aceitáveis de um debate e em conseqüência cancelamos sua participação (em evento) na sexta-feira".

David Lammy, afro-descendente, Secretário de Estado de Ensino: "É lamentável que um cientista tão eminente possa deixar seus próprios preconceitos interfiram em seu trabalho".

Keith Vaz (deputado trabalhista e ex-ministro): "É triste ver um cientista de tal renome fazer comentários tão infundados, não-científicos e extremamente chocantes".

Henry Kelly, presidente da Federação de Cientistas Americanos (FAS): "Num momento em que a comunidade científica se sente ameaçada por forças políticas que buscam diminuir sua credibilidade, é trágico que um dos membros mais eminentes da ciência moderna desonre assim a profissão. (...) A atividade científica está fundamentada na promoção e na veracidade de novas idéias, que se apóiam em fatos embora controversos, mas Watson optou por usar sua estatura intelectual para promover preconceitos racistas, rancorosos e sem fundamento científico. (...) Estas declarações mostram que (Watson) perdeu a razão".

Steven Rose, neurobiologista britânico: "Ele é conhecido por suas declarações mordazes (...) que são racistas, sexistas, homófobas, profundamente chocantes".

O Dr. Watson já havia causado polêmica entre seus pares ao afirmar que "as mulheres deveriam ter o direito de abortar se os exames pudessem identificar os genes da homossexualidade no feto". Também teria dado a entender que poderia haver ligação entre a cor da pele e os impulsos sexuais, o que explicaria o porquê de os negros terem uma libido mais desenvolvida que os outros, segundo ele. No mesmo caminho, aquele que é considerado por muitos "o avô do DNA" afirmou que se poderia um dia modificar a genética para criar pessoas mais belas.

(http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/071018/saude/gb_eua_ci__ncia_medicina)


Não merece o título de Doutor...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Agora o PIG - Partido da Imprensa Golpista, já tem um mascote.

Criação de Diego Marcel Vieira
(Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim)
Ontem durante o jogo, tive ao menos uma inveja dos argentinos: ganhando ou perdendo, a torcida canta e faz festa durante os 90 minutos. A nossa, com 15 min, já vaiava. Sem contar a ausência do samba nas arquibancadas (pelo menos não deu pra ouvir na transmissão da Globo). As vaias só pararam depois da enxurrada de gols. Sinceramente, não sei se vai ser bom disputar uma Copa em casa, com a torcida jogando contra.
E eis que um dia, na terra do leite e do mel, os eleitos não eram mais aqueles de sempre. E todo mundo queria ser o dono da verdade. E a humanidade já não sabia em quem acreditar. E não adiantava a galera do céu mandar anjos com espadas de fogo nem dilúvios. E foi então que, em meio ao desespero e à descrença,

DEUS CRIOU A MÍDIA!

E os jornais logo ensinaram ao povo incrédulo o certo e o errado. E as tevês logo mostraram às gentes despreparadas o que vestir, o que comer e principalmente o que engolir. E as agências de publicidade logo trouxeram os novos mandamentos, mas em tábua não, que tábua tá fora de moda, é antiecológico. E os novos mandamentos vieram em tela de cristal líquido. E vós podeis votar nos dez melhores, é só entrardes no site www.mandandobemnomandamento.com.

E tudo deveria ter voltado ao normal, mas vós sabeis que a humanidade não é fácil, ô gentinha do contra, pricipalmente as humanidades do Terceiro Mundo. E as tevês e os jornais, pacientes como Jó, subiram aos céus, que ficavam um andar acima dos seus escritórios, e pediram a ajuda de Deus. Mas eis que Deus estava ocupado tentando criar vida em Marte pra ver se dessa vez dava certo. E então a turma da mídia fez um workshop e alguém falou: vamos copiar aquela idéia de Deus. E tirando uma costela do Cid Moreira a mídia criou... (com pausa dramática) os Especialistas, à imagem e semelhança de Deus, mas um pouco melhorados que hoje em dia tem tecnologia que até Deus duvida.

E eis que dos céus desceram os Especialistas, montados em laptops de duas cabeças e carregando celulares de fogo. E Eles garantiram que, desse dia de glória em diante, não haveria mais dúvidas sobre a verdade porque Eles, os Especialistas, diriam a todos o que é a verdade e como deve ser usada. E a humanidade respirou aliviada (segundo os Especialistas, é claro).

Cesar Cardoso é escritor, foi criado por Deus, mas passava o fim de semana com o Diabo.
(Caros Amigos, outubro/2007, pg. 33)


Os erros de digitação são por minha conta, pois não achei o texto na internet e tive que digitá-lo.
Estou lendo a entrevista com Paulo Henrique Amorim na Caros Amigos desse mês. Ainda não acabei. Mas não resisti a transcrever dois trechos:

CA: Você podia falar livremente na Globo?
PHA: Não. Era não falar nada ou ir embora.
(...)
CA: Essa ordem era por escrito?
PHA: Não, tudo verbal, direto do Roberto Marinho.

Essa é a mídia independente e sem rabo preso...

Com tantos assuntos a serem tratados e críticas a serem feitas, o jornalismo marrom quer comandar a agenda do governo, encurtando o mandato, falando de sucessão e até de uma possível candidatura de Lula em 2014. Vale a pena ler, sobre isso, texto de Lula Miranda O “jornalismo de esgoto”, a pauta torta e a intolerância.
Assistindo ao EM CIMA DA HORA da GLOBONEWS agora, vi que o PSOL apresentou (finalmente) denúncia contra o senador do PSDB Eduardo Azeredo, pelo seu envolvimento com Marcos Valério na campanha à reeleição ao governo de MG, eleição perdida por sinal. O interessante é que, no caso, não se falou em Valerioduto. Por que?
Inclui mais links de fontes alternativas de informação. Segue a lista completa (copiada do Blog do prof. Emir Sader). Não consegui visitar todos, mas a procedência é boa.

www.fazendomedia.com

www.correiocidadania.com.br

www.sinpermiso.info

www.rebelion.org

www.telesurtv.net

www.resistir.info

www.reporterbrasil.org.br

http://linhasnomades.zip.net

www.diariogauche.zip.net

www.rsurgente.zip.net

www.adital.org.br

www.imprensamarrom.com.br

www.franklinmartins.com.br

http://terramagazine.terra.com.br

www.novae.inf.br

http://viomundo.globo.com/

http://www.lainsignia.org/

http://www.tie-brasil.org/noticias.php

http://www.zerofora.hpg.ig.com.br/

http://www.herramienta.com.ar/

http://www.afyl.org/articulos.html

Centro de Estudos Sociais Laboratório Associado Faculdade de Economia - Universidade de Coimbra - http://www.ces.fe.uc.pt

CUBA Debate - http://www.cubadebate.cu

Núcleo de Estudos do Futuro - http://www.nef.org.br

RedMarx - www.redmarx.net

Voltaire.net - http://www.voltairenet.org/pt

GRANMA – português - www.granma.cu/portugues/index.html

Observatório Latino Americano - http://www.ola.cse.ufsc.br

Alfarrábio - Paulo Bicarato – http://www.alfarrabio.org

Noam Chomsky - http://www.chomsky.info

Esquerda NET - http://www.esquerda.net

Agência Bolivariana de Notícias - http://www.abn.info.ve

HTTP://ENGLISH.ALJAZEERA.NET

www.anovademocracia.com.br

www.fpa.org.br

www.monthlyreview.org/

Marxists Internet Archive - http://www.marxists.org/

Revista Espaço Acadêmico (REA) - http://www.espacoacademico.com.br/

Journal of World-Systems Research - http://jwsr.ucr.edu/index.php

Socialist Register - http://socialistregister.com/

Socialist Worker - http://www.socialistworker.org/

World Socialist Web Site - http://www.wsws.org/

Revista Sem Terra - http://www.mst.org.br/mst/revista.php?ed=32

Jornal Sem Terra - http://www.mst.org.br/mst/jornal.php?ed=33

Revista Crítica Marxista - http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/
http://www.portside.org/

www.abcdmaior.com.br

http://rascunho.ondarpc.com.br

www.cecac.org.br

www.letraselutas.com.br

www.revistadobrasil.net

www.bahiadefato.com.br

www.novojornal.com.br

www.aporrea.org

www.rits.org.br

www.radiocom.org.br

www.ansa.it/ansalatinabr

www.horadopovo.com.br

www.expressaopopular.com.br

www.vermelho.org.br

www.diplo.com.br

BLOGS

http://blogdobourdoukan.blogspot.com (Georges Bourdoukan, colunista da Caros Amigos)

www.blogdogadelha.blogspot.com

www.blogentrelinhas.blogspot.com

http://blogdokayser.blogspot.com/

http://blog.contrapauta.com.br/

http://www.blogdoonipresente.blogspot.com/

Bombordo - http://www.verbeat.org/blogs/bombordo

Blog do IBASE - http://www.ibase.br/blog/index.php

http://edu.guim.blog.uol.com.br

www.mercado-global.blogspot.com

Blog de Antonio Ozaí (REA) - http://antoniozai.blog.uol.com.br/
(OBS: é preciso solicitar a inscrição pelo e-mail antoniozai@gmail.com)

http://fastosenefastos.blogspot.com/

http://blog-do-robson-camara.blogspot.com

http://www.votolula.blogspot.com

http://blogdodirceu.blig.ig.com.br/

http://www.naperiferiadoimperio.blogspot.com/

http://blogdomino.blig.ig.com.br

http://conversa-afiada.ig.com.br

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Vale a pena ler o texto A VERDADEIRA VERDADE INCONVENIENTE, do jornalista Maurício Thuswohl. De nada adiantam os discursos, sem compromissos sérios com relação à preservação ambiental.

sábado, 13 de outubro de 2007

Eu quero entender uma coisa: se o Cacciola está condenado (à revelia, pois fugiu do país), por que sua cidadania italiana impede a extradição? A Itália protege bandido?
Segue mais um texto copiado, desta vez do Blog do Rovai, com uma excelente sugestão: o concurso O MELHOR ESCULHAMBADOR DE VEJA. Também quero ir bem...

Veja e o xixi no tapete

Meu amigo Gilberto Maringoni, além de ser um dos poucos bons especialistas em Venezuela (tem muita gente que para defender ou atacar Hugo Chávez fala muita besteira) ainda é um dos melhores esculhambadores de Veja. Aliás, deveríamos criar um esporte nessa linha. Imaginem um concurso: o melhor esculhambador do panfleto dos Civitas. O que não faltaria era o que esculhambar. Pois então, neste seu
último artigo, Maringoni fala do que chama de "Pet Shop dos Civita" e do "xixi no tapete" de um de seus cães amestrados. O nome do moço é Diogo, mas não é aquele que você está pensando. Esse tem outro sobrenome.

E já que estamos tratando de Veja e de Che, o leitor Jurandir me envia o link de uma reportagem publicada em Veja, exatamente há 10 anos, assinada por Dorrit Harazim, hoje na edição da revista Piaui. A matéria é sobre Che e sua morte na Bolívia. Para quem leu a matéria desta semana, vale até a pena dar uma olhada neste texto de Harazim. É a prova mais cabal de que nem Veja acredita em Veja, já que uma matéria tem enormes contradições em relação à outra.

Da matéria de Harazim, por exemlo:"Por onde passou, na Bolívia, Guevara fez brotar, depois de morto, uma unanimidade sentimental que jamais conheceu em vida. Mudaram os campesinos que pretendia libertar, não os militares que o caçaram e abateram – estes sempre respeitaram e temeram sua valentia. Também, não era para menos. Em onze meses de guerrilha, jamais contou com mais de 38 combatentes, contra todo o Exército boliviano apoiado pela CIA. Atravessou cordilheiras áridas e quase estéreis, onde árvores não crescem. Desceu para vales por escarpas, penhascos, desfiladeiros, até sufocar na umidade do Chaco. Enfrentou meses de chuvas torrenciais e nuvens compactas de mosquitos. Em dias de sorte, comeu macaco, milho cru, rapadura com onça. Outras vezes, um passarinho apanhado teve de ser dividido por cinco..."

Na reportagem atual fala-se de um Che covarde e mal-guerrilheiro. Pois é, Veja é Veja. Por isso, não perco meu tempo lendo, nem comprando. Só perco tempo falando mal, até porque quero ir bem no concurso de esculhambação do panfletos dos Civitas.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Choque de gestão, o charlatanismo grandiloqüente

Os cidadãos dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul podem nos dizer, com mais propriedade, o que vem a ser esse tal "choque de gestão". Os tucanos são os mercadores monopolistas dessa grife mentirosa e vazia.

Lula Miranda

A fala do presidente Lula, quando expressou, há alguns dias, em alto e bom som, que choque de gestão, na sua visão, era criar empregos e oportunidades (ou algo nessa linha) foi manipulada e descontextualizada, de maneira capciosa, pela grande imprensa, de sorte que, ao final, ficou parecendo que o presidente havia dito uma enorme sandice, uma temeridade que sugeria “irresponsabilidade” e “incompetência” – o que não é, em absoluto, verdade. Não utilizarei esse espaço para defender as palavras mal ditas pelo presidente, mas para questionar esse remédio amargo vendido como verdadeira panacéia por muito charlatão engravatado que circula por aí vestindo a fantasia de homem público competente e probo – travestindo assim a realidade, a verdade dos fatos.

Em seguida, logo após a repercussão das palavras de Lula no noticiário, esses veículos, estrategicamente, abriram espaço para tucanos emplumados abrirem o bico e exibirem as cores enganadoras de sua plumagem. Li, dentre outros, um artigo do governador Aécio Neves, um outro do economista Yoshiaki Nakano (guru desse, vamos dizer, “chocante” modo de governar tipicamente tucano) e mais um punhado de alguns outros colunistas e articulistas. Esses últimos, jornalistas muito bem remunerados pelo exercício da sabujice aos “donos do poder”, confortavelmente abrigados na grande imprensa – onde mais?

No caso específico do artigo do governador (reeleito em seu estado, diga-se), o que se vê é mera propaganda enganosa, cujo repertório de “argumentos” reduz-se à enumeração e divulgação de supostas (e questionáveis) realizações de seu governo. Os demais fazem uma costura, muito mal cerzida, um arrazoado de sofismas muito mal “arrematado”. Questiono, por exemplo: pode se considerar mérito de algum governo pagar os salários de seus funcionários – e, veja bem, pagar “em dia”! O artigo do governador diz ser meritório. Caberia uma pergunta: os funcionários públicos de MG têm recebido reajustes salariais que contemplem, pelo menos, a recuperação das perdas inflacionárias? Isso também – a exemplo de pagar em dia – deve ser considerado apenas mera obrigação de qualquer governante. Não há mérito algum nisso. Ou estou equivocado? Pelas informações e notícias que me chegam, o funcionalismo público de Minas Gerias há muito não recebe reajuste salarial. Aliás, vale frisar, o tratamento dispensado aos servidores públicos nas gestões tucanas é baseado em princípios nocivos, desrespeitosos, desumanos mesmo. Os tucanos, como se sabe, são os mercadores monopolistas dessa grife mentirosa e vazia do “choque de gestão”.

A ministra Dilma Roussef foi uma das poucas vozes, no governo e no PT, sensatas e ponderadas o suficiente, para dizer, com rara propriedade, clareza e assertividade (característica essas tão raras nas nossas autoridades), que “choque de gestão” é mero recurso de propaganda. Ponto final. Touché, ministra!

O tal “choque de gestão”, emblema da (in)competência tucana na gestão da coisa pública, propiciou, só para citar um exemplo, que as concessões de exploração das estradas paulistas se realizassem com a custa de pedágios altíssimos, escorchantes mesmo. O mesmo processo, agora tocado pela ministra Dilma (a mesma que trata com o devido desdém o tal “choque de gestão”), parece ter obtido resultados muito mais favoráveis ao erário e aos usuários das nossas estradas. É só comparar as tarifas de pedágio cobradas nas estradas paulistas e as que serão cobradas nas estradas federais – uma vez que a comparação entre serviços prestados só poderá ser feita quando esses serviços efetivamente começarem a ser prestados, por óbvio. Sim, o modelo, eu sei, é diferente – mas enfim não seria esse o melhor modelo?

“Choque de gestão” é apenas uma expressão de efeito, grandiloqüente, cara aos charlatões com suas drogas milagrosas. Mera malandragem retórica, completamente destituída de sentido ou conteúdo. É uma ferramenta para o marketing político – apenas isso. Na cidade de São Paulo, o marketing político, do à época prefeito Paulo Maluf, teve a “sacada genial” de construir, às margens das principais avenidas (portanto, com máxima visibilidade), prédios populares batizados, com efeito, de “Cingapura”. Esses prédios eram construídos em terrenos onde antes existiam favelas – existiam e continuariam a existir, esclareça-se. A estratégia era a seguinte: construía-se ali dois ou três prédios, resolvia-se assim o problema de uns poucos sem-teto do local. O restante daquela população permaneceria na mesma favela, ali mesmo nas cercanias, agora oculta/escondida pelo portentoso prédio. A verdade estava por detrás da bonita e providencial edificação. Perceberam a jogada? Mas qual seria então a verdade/realidade que procura ocultar esse famigerado biombo do “choque de gestão”. Reflitamos sobre isso.

Você sabe, o que diferencia o remédio do veneno é a dosagem. Da mesma maneira, uma descarga elétrica controlada pode salvar uma vida e reanimar um ser humano à beira da morte. Mas uma descarga elétrica pode também eletrocutar um indivíduo, levando-o a morte. Da mesma maneira o tal “choque de gestão” pode, isto sim, levar à falência do Estado ou da máquina pública – em vez de melhorá-lo(a) ou aperfeiçoá-lo(a).A estratégia de gestão tucana é, por todos, sobejamente conhecida. Conduzem, paulatinamente, os órgão e empresas do Estado à ruína: cortam recursos para investimento e custeio, demitem funcionários e, aos poucos que restam, pagam salários vis e desanimadores. Salários baixos traduzem-se em baixa produtividade, pois, como conseqüência imediata desse estado de coisas, vai fosso abaixo a auto-estima dos funcionários, levando-os ao desalento e a mais completa falta de motivação. Mas, aos olhos da sociedade, a culpa será sempre dos servidores “preguiçosos”, “que não gostam de trabalhar”. Os gestores tucanos fazem isso, não somente por incompetência ou porque são maus gestores; fazem-no para debilitar a estrutura do Estado e assim justificar/legitimar futuras terceirizações e privatizações – fontes sub-reptícias e primeiras do caixa 2 que virão a irrigar e fortalecer a máquina partidária. Estabelece-se assim uma promíscua e providencial relação de simbiose (ou seria parasitismo?) entre o público e o privado.

Devemos, por exemplo, de saída fazer a seguinte pergunta: qual a produtividade que desejamos? Seja na esfera do funcionalismo público ou do privado. Aquela produtividade que visa, em primeiro lugar, o bem-estar do trabalhador ou aquela que visa tão-somente o acúmulo de capital – levando a mais-valia a um, antes impensável, paroxismo? Sim, pois existem, pelo menos, dois tipos de produtividade. A deletéria (ou produtividade ruim), que é aquela que é incentivada também, claro, com intuito de se obter redução de custos, mas que é obtida a qualquer custo, pagando-se o preço (altíssimo) da deterioração da saúde do trabalhador: o estresse e outras complicações e transtornos emocionais? Ou a produtividade boa, que é aquela obtida quando se propicia ao trabalhador boas condições de trabalho e salários mais justos? No “choque de gestão” tucano, ou nas empresas do chamado “hiper-capitalismo” predatório, com sua sanha voraz, um trabalhador chega a fazer o trabalho de três ou quatro como resultado de um “enxugamento” progressivo do quadro de pessoal.

Essa fórmula/receita gerencial e a “competência” dos gestores tucanos, capatazes do neoliberalismo ou do “hiper-capitalismo” predatório, é por demais conhecida e não tem nada a ver com eficácia, eficiência ou competência administrativa (ou de gestão). É por demais batida: cortar gastos e investimentos, reduzir os custos com pessoal (por intermédio de cortes ou congelamento de salários), comprometer (sabotar) a qualidade dos serviços prestados, terceirizar e privatizar.

Os paulistas já sentem na carne os efeitos do “choque de gestão” tão propalado pela grande imprensa e posto em prática na gestão Geraldo Alckmin – como foi na de FHC e, agora, na de José Serra. Desnecessário dizer (ou relembrar) aqui das condições em que se encontram hoje a educação, a segurança e a saúde pública no estado de São Paulo. Isso sem falar no desmonte/destruição realizado no patrimônio público e na máquina de um modo geral. Não à toa Alckmin, bem como seus correligionários, em geral não sabem dar uma resposta ao rótulo de “privatistas” ou debater gestão pública com a necessária seriedade.Com a palavra os cidadãos dos estados de Minas, São Paulo e Rio Grande Sul. Esses poderão nos dizer, com mais propriedade, o que vem a ser esse tal “choque de gestão”.


(Lula Miranda é economista, poeta e cronista. É secretário de Formação para a Cidadania do SEEL – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de SP. Integra o Coletivo de Formação da CUT São Paulo)
www.adoteumgatinho.com.br
Vale a pena conferir...
O movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade, iniciativa do empresário Oded Grajew, revela dados alarmantes:
- todos nós perdemos um ano e meio de nossas vidas por causa da poluição
- a ocupação média dos carros é de 1,2 pessoa
- em 2006, morreram em média, 3 pessoas por dia em acidentes no trânsito
- a cada dia, 500 novos automóveis entram em circulação
Com relação ao último dado, ouvi na CBN (acho que era o Sardenberg) que a solução é o pedágio urbano, pois torna o uso do carro mais caro e incentiva o transporte coletivo. Pensando que cada carro ocupa por volta de 8m², dá uns 4.000m² de novas vagas por dia. Alguém está construindo isso? Acho que a solução não é por aí...
Pela falta de habilidade com as palavras e prática com este espaço, prefiro transcrever bons textos, me apoderando de suas idéias e me poupando de erros. O que segue é de autoria do Mino Carta, jornalista fundador de revistas com grande circulação, e das quais ainda pretendo falar. Segue...

Violência democrática

Luciano Huck esta manhã não apareceu no vídeo e sim na primeira página da Folha de S.Paulo. Assaltado em São Paulo, chama a tropa de elite, aquela que protagoniza o filme polêmico que não representará o Brasil no Oscar. O texto sincopado do apresetador de TV é o desabafo de quem acaba de passar por um grande susto. Trata-se de enredo inevitável: se alguém me ameaça de revólver em punho e eu tiver a sorte de encarnar de súbito John Wayne, atiro antes, como ele fariano desafio da rua principal. Não sou o velho John, e creio que também Huck não o seja. Muitas coisas que diz fazem sentido e são justificadas. Espantam-me são as contradições da classe a que o apresentador pertence. Não perco a oportunidade para admitir: eu também sou do privilégio, embora não pague, como Huck, fortuna em imposto. Mas a contradição está em imaginar que uma tropa de elite, igual aquela do filme, resolve o problema. É o mesmo que iludir-se em relação à pena de morte, tida ainda em alguns rincões do mundo, a começar pelo Império de Tio Sam e a terminar nos bairros ricos e nem tanto das metrópoles nativas, como o melhor instrumento de combate ao crime. No mais, convém sublinhar que o homem não nasce bom ou mau, assim como haveria povos melhores ou outros piores. As circunstâncias são as que valem. E as nossas são terríveis exatamente porque há quem suponha que basta prender e arrebentar para garantir a segurança dos homens de bem. Enquanto houver quem acredita que violência se combate com violência, não há, conforme anota o desalentado Huck, como enxergar saída do atoleiro.
Minhas primeiras linhas, no primeiro Blog. Espero gostar...
E vou começar pelos 40 anos da morte do Che, reproduzindo texto do Flávio Aguiar (editor-chefe da Carta Maior) sobre o tema e suas repercussões:


A sombra do Che

Causou reações a reacionária matéria de capa de Veja sobre Ernesto Guevara, por ocasião destes 40 anos de sua morte, assassinado por membros do Exército boliviano a serviço dos Estados Unidos. Mas é coisa de não causar surpresa.

Tentaram, na revista, levantar o que os psicanalistas jungueanos chamariam de “a sombra” de Ernesto Guevara. Sob a égide de “destruir” um mito, pretenderam levantar tudo o que de negativo se poderia sobre a vida de um homem humano, certamente mais humano do que estes arautos do que de mais servil existe no jornalismo brasileiro.

Não conseguem. É verdade que Ernesto Guevara se transformou no mito Che. Num mito, quanto mais se bate, mais ele cresce. Porque ao contrário do que essas vulgaridades pensam, um mito não é sinônimo de uma mentira. Um mito é uma história que explica porque estamos aqui e somos assim ou assado. Um mito remonta a enigmas que não conseguimos explicar. Então temos que narrar.

Abaixo, dou cinco razões pelas quais os arautos da direita brasileira não podem suportar o mito Che. Muito mais do que a direita propriamente, porque duvido que os poderosos de fato na direita estejam hoje muito preocupados com o mito Che Guevara. Até porque nenhum – repito, nenhum – governo de hoje na América Latina está à altura do mito.

1) Che em línguas pampeanas quer dizer “homem”. Em guarani quer também dizer “meu”. El Che significa “o homem”, “o ser humano”, em linguagens que, como rios subterrâneos, nos lembram das catástrofes históricas que nos trouxeram até hoje. O nome, El Che, é uma cicatriz da história, assim como o de Zumbi, ou o de Anita Garibaldi. Com a diferença de que ele cobre o continente e hoje o mundo com sua imagem. A mera presença desse nome como dos referidos no mundo inteiro prova que as tragédias dos povos são inesquecíveis, por mais que as queiram mergulhar no esquecimento. O nome do Che é um ícone do anjo de Walter Benjamin, aquele que segue para diante na história, mas de costas, vendo-a como uma construção de ruínas.

2) O Che foi um guerrilheiro romântico. Nada mais estranho ao mundo desses arautos do que qualquer sombra de romantismo rebelde. Eles (os arautos) tiveram que eleger o servilismo como estilo, têm que beijar a mão que os afaga ou os chicoteia conforme o gosto (o deles e o da mão). Palavras como rebeldia, entono, ousadia, energia, paixão, e outras do mesmo estilo, são verbetes em branco nos seus dicionários. O Che – que como todo o ser humano tinha qualidades, defeitos e problemas, e que como todo o mito, é mais uma lâmina de contradições do que de certezas absolutas – era alegre, era um ser voltado para a vida, não párea a morte. Como podem os mortos vivos passar incólumes diante desse ser em contínua operação na história, eles que venderam a alma mas esperam poder deixar de entrega-la?

3) O Che era latino-americano. Nada mais detestável para esses arautos (e aí também para os poderosos da direita) do que a lembrança de que eles são latino-americanos. O ideal da sombra deles (a sombra é aquilo que a gente também é mas não gosta de lembrar de que é) é que o Brasil fosse uma imensa pista de aeroporto rumo ao norte, aos idolatrados shoppings centers onde se fala inglês como “língua natural” (como se isso existisse), porque é assim que eles vêm o mundo e a cultura do hemisfério norte. O fato do ícone cuja imagem é uma das mais procuradas no mundo ser a de alguém que morreu pelos povos desse continente amaldiçoado pelos poderes de todo o mundo traz pesadelos inconfessáveis para esses arautos. Pesadelos tão pesados que de manhã eles fingem nem se lembrar deles. Fingem tão fingidamente que até acreditam ser o sonhozinho de consumo em que fingidamente vivem, esses sinhozinhos das próprias palavras, a quem tratam como escravas.

4) O Che lutou pela libertação da África. E com os demais companheiros e companheiras do Exército cubano. Sem a participação de Cuba, é possível até que o regime do apartheid sulafricano pelo menos demorasse muito mais para cair. A vitória do Exército angolano, com Cuba, contra as forças sulafricanas, na batalha de Cuita Canevale foi fundamental para a queda do regime sulafricano. É verdade que as iniciativas do Che nas lutas no Congo não tiveram êxito. Não importa: como o Che é que se tornou o mito, ele carrega nas costas essa pesada carga de ser um dos ícones da solidariedade latino-americana com os povos do continente cujas costas lanhadas de sangue ajudaram a construir a nossa riqueza.

5) O Che era bonito. Aí é demais. Dispensa palavras.

Tudo isso vem aliado à terrível sensação, para esses arautos, de que o mito do Che, a lembrança do personagem vivo, sobreviverá a todos eles. E que se esse mito-anjo vê a história como a construção de ruínas, eles, os arautos, são as mais expressivas da ruína humana a que se reduz o servilismo eleito como estilo.


(http://www.correiod obrasil.com. br/noticia. asp?c=127561)



muito bom...