segunda-feira, 31 de março de 2008

Assim é a democracia para grande mídia...



Os ataques à família

Pela primeira vez, admito: esse pessoal da Veja conseguiu, finalmente, me atingir com suas baixarias.

Hoje de manhã minha mulher desabou, com labirintite e fortes crises de choro. À noite ela tinha ido conferir o Blog de Veja. Lá, ataques de toda espécie, agora enveredando pelo lado familiar, com posts e comentários com insinuações de “corno”. A malta desvairada de comentaristas anônimos espalhando esgoto por todos os poros.

Ela me pergunta, chorando: como é possível alguém poder fazer tal coisa, por tanto tempo, envolvendo até a nossa família?

Não sei.

O que podemos fazer.

Não sei. Sei o que não irei fazer.

Quando comecei a escrever esta série, antes disso, quando comecei a ser alvo das baixarias da Veja, recebi inúmeras informações sobre atividades profissionais da esposa de um diretor da revista, inúmeros episódios catárticos envolvendo o blogueiro da revista, tanto no seu tempo de Diário do Grande ABC quanto na revista República. Recebi e-mails de parentes próximos dos agressores. Circulo em um meio em que é fácil obter informações. Algumas delas são sobre amantes, preferências sexuais, ataques de histeria.

Dispondo de tais informações, mais as demonstrações explícitas de desequilíbrio no Blog, seria facílimo traçar um perfil psicológico do personagem.

Teria o direito de fazer isso, agora que estou sendo alvo de tamanha baixaria? É evidente que não. Por que os atingidos seriam esposas e filhos que nada têm a ver com o desequilíbrio e a falta de escrúpulos dos pais.

Aliás, quando vejo minhas filhas perguntando porque a mãe chora, penso nas filhas desses agressores. E me dá uma profunda pena. O grande teste, a ser superado, é não ceder à tentação de enveredar pela trilha da crueldade

Tive uma curta conversa com minha mulher, porque precisei sair correndo de casa para o trabalho. Tentei transmitir-lhe confiança. Vamos montar uma blindagem para que essas baixarias não cheguem às nossas crianças.

A luta continua. E sem sair da linha.

(blog do Nassif)

quinta-feira, 27 de março de 2008

DIREITA PROCURA RUMO EM SP. SÓ FALTA O LE PEN

. O blog do Josias de Souza informa que, segunda-feira, em São Paulo (sempre em São Paulo...) a oposição, “acuada”, se reúne em busca de rumo.
. Primeira consideração.
. É preciso ter certeza de que a reunião se realizará.
. Como se sabe, com o engarrafamento produzido por 13 anos de governos tucanos em São Paulo é possível que muitos convidados não cheguem.
. Segunda consideração – a reunião ser em São Paulo.
. Se a oposição perdeu o rumo, é exatamente por causa de São Paulo.
. São Paulo e as quizilas da política provinciana de São Paulo desnortearam a oposição – e o PT...
. Estarão presentes Arthur Virgílio Cardoso, José Aníbal, Rodrigo Maia, José Agripino, ACM Neto e, como convidados de honra, Jorge Bornhausen e o Farol de Alexandria. Esqueceram de chamar o Serra.
. Só falta o Jean-Marie Le Pen.
. Segundo Josias, a oposição descobriu que CPI e a paralisação do trabalho do Legislativo – isso é uma estratégia que não leva a nada.
. Considero, caro Josias, a sua notícia simplesmente inacreditável.
. Tem tanta credibilidade quanto o ET de Varginha, que o Ministro Hélio Costa consulta para anunciar a criação da “BrOi”.
. Sou um leitor fiel do PiG.
. Leio tudo, todo dia.
. O PiG é o sol que ilumina o meu caminho.
. E a leitura do PiG – inclusive a Folha, que o caro Josias abrilhanta e abrilhantou por tanto tempo – demonstra de forma cabal que a oposição está no rumo certo.
. O PiG só cobre a oposição.
. O PiG não noticia o que o Governo faz.
. O PiG anuncia a resposta da oposição ao que o Governo faz.
. O PiG dá a máxima cobertura a qualquer bobagem que o Farol disser.
. O Farol iluminou a Antiguidade e continua a iluminar o PiG e a oposição.
. Existe um sistema de retro-alimentacao permanente: o PiG “informa”, a oposição repercute a “informação” no Congresso, e o PiG repercute a repercussão.
. Um instrumento inicial deste processo – aquele movimento que move sem ser movido – é frequentemente a Veja, a última flor do Fascio.
. Foi o que aconteceu na última “crise”, a do “vazamento”, orquestrada pelo nobre senador Álvaro Dias, momentaneamente tucano.
. Por tudo isso, acredito:
1) a reunião não se realizará – será feita pelo celular, com os participantes presos no trânsito de São Paulo;
2) a reunião não é para encontrar o Norte, mas para ir direto ao Centro: dividir os cargos da prefeitura de São Paulo, com a eleição de Alckmin e/ou Kassab em São Paulo, de ACM Neto em Salvador, e a posse de José Serra em 2010.
(O Farol de Alexandria vai exigir o compromisso dos presentes com a seguinte estratégia – o Brasil renuncia à pretensão de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Em troca, ele se torna presidente de honra da ONU – para não ter que trabalhar muito.)

(Paulo Henrique Amorim)

Ainda sobre o trânsito...

Esses dias ouvi no rádio que o governo municipal repassou R$ 200 milhões ao estadual para colaborar com a ampliação do Metrô. E nosso prefeito ainda comentou que o município nunca tinha colaborado com a obra.

R$ 200.000.000,00

Pelos dados apresentados pelo PHA, a cidade necessita de 360km, ao custo de R$ 48 bi.

Se minha calculadora está certa, 48 bi divididos por 360km é igual a R$ 133.333.333,33/km.

Em outras palavras, o governo do Sr. Kassab colaborou com 1,5km de Metrô para a história de São Paulo. Parabéns!

E a mídia ainda noticia...

ENGARRAFAMENTO: A CULPA É DA MARTA

. Os tucanos governam São Paulo há 13 anos.
. Nos últimos 13 anos eles construíram 20 quilômetros de linha de metrô.
. Falta construir 360 quilômetros.
. Serão necessários 48 bilhões de reais para construir o que falta e, mesmo assim, a malha do metrô só ficará pronta em 25 anos.
. 48 bilhões de reais – isso é sete vezes mais do que o que o presidente eleito José Serra NÃO conseguiu com a privatização da Cesp.
. Nos 13 anos em que estão no poder, os tucanos não fizeram: o Rodoanel, não ampliaram os corredores de ônibus, não criaram o pedágio urbano, não ampliaram o rodízio, não colocaram o chip que identifica os carros que trafegam irregularmente cidade.
. Hoje, por volta do meio dia, na CBN – outro ilustre membro do PiG – tratava-se de Marta Suplicy, que não diz se é ou não candidata a prefeita de São Paulo.
. Marta disse que, se for, aí, sim, dirá o que pensa sobre o engarrafamento de São Paulo – o cartão postal da cidade de São Paulo.
. O âncora, do alto de sua objetividade, sugeriu que Marta pergunte ao Governo Federal por que não solta as verbas para as obra de que São Paulo necessita.
. Está claro: durante a campanha para prefeito, o PiG vai culpar a Marta pelo engarrafamento ...
. Essa Marta ...

(Paulo Henrique Amorim)

Dólares do Império financiam os monges do Dalai-Lama

Após a vitória da Revolução Chinesa, os comunistas tomavam o poder no Tibet que, no curso dos dois séculos anteriores, nem um só país no mundo havia reconhecido como um país independente. A comunidade internacional considerava o território parte integrante de China.


Como a Índia e a Inglaterra, a mesma que há 40 anos dominava a região. Só os EUA se mostraram vacilantes. Até a Segunda Guerra Mundial, consideravam o Tibet como uma parte da China e procuravam frear os avanços da Inglaterra sobre o território. Porém, após a guerra, Washington decidiu fazer do Tibet um enclave religioso contra o comunismo.


Em 1951, a elite tibetana concordou em negociar com a China uma “liberação pacífica”. Cinco anos depois, no entanto, pressionadas pelo movimento camponês, as autoridades decidiram por uma reforma agrária em alguns territórios tibetanos. Era a senha para o conflito. A elite local repeliu a iniciativa e provocou o levante armado de 1959. A revolta foi preparada durante vários anos, sob a direção do serviço secreto dos EUA, a CIA. É o que registra o livro de 300 páginas “The CIA's Secret War in Tibet” de Kenneth Conboy. Uma obra que o especialista da CIA, William Leary, definiu como “um impressionante estudo sobre uma das operações secretas da CIA mais importantes durante a guerra fria”.


Outro livro, “Buddha's Warriors – The story of the CIA-backed Tibetan Freedom Fighters”, de Mikel Dunham, de 434 páginas, explica como a CIA levou centenas de tibetanos aos EUA para treinamento bélico e como lhes supriu de armas modernas. O prefácio desta obra foi redigido por “sua Santidade o Dalai-Lama”, que considerou uma honra o fato de que a rebelião separatista armada tenha sido dirigida pela CIA. Porque “Os EUA são os campeões da Democracia e da Liberdade”. [1]


Em outubro passado, o parlamento estadunidense entregava ao Dalai-Lama a Medalha de Ouro, a condecoração mais importante que pode entregar. Sua (sempre sorridente) “Santidade” pronunciou um discurso onde louvava Bush por seus “esforços a nível mundial em favor da Liberdade, da Democracia e dos Direitos Humanos”. Fica evidente quem financia o Dalai-Lama e seus monges, não só por seu anticomunismo hidrófobo como também por seu racismo fascista que condena os casamentos entre tibetanos e os “demais”. Fica fácil entender a mobilização da mídia ocidental contra a China, sobretudo em vésperas de uma importante eleição em Taiwan e a aproximação das olimpíadas de Pequim. [2]


O pretexto para balbúrdia de agora foi lembrar ação golpista derrotada em 1959, quando o Dalai-Lama tentava separar o Tibet para restaurar o regime ditatorial dos Lamas naquele território da China Popular. Derrotado, fugiu, acobertado pela pelos EUA. Ao longo dos anos 60, a comunidade de exilados tibetana embolsou 1,7 milhões de dólares por ano da CIA, como consta nos documentos liberados pelo próprio Departamento de Estado em 1998. Depois que este fato ficou público, a organização do Dalai-Lama emitiu uma declaração admitindo haver recebido milhões de dólares da CIA naquele período, com o objetivo de enviar pelotões armados de exilados para o Tibet para minar a revolução socialista. [3]


O pagamento anual pessoal do Dalai-Lama reconhecido pela CIA era de US$186.000, assinalou Tom Grunfeld, em seu livro The Making of Modern Tibet. Atualmente, através do Fundo Nacional para a Democracia e outros canais que servem de fachada “respeitável” para os financiamentos da CIA, o governo dos EUA continua a destinar US$ 2 milhões anuais para os separatistas tibetanos que atuam na Índia, com milhões adicionais para a comunidade de exilados tibetanos em outros lugares. O Dalai-Lama também obtém dinheiro do especulador George Soros, que dirige a Radio Free Europe e Radio Liberty, ambas também vinculadas à CIA, ressaltou Michael Parenti, escritor e historiador estadunidense. [4]


Quanto à participação popular nos distúrbios, vejamos o que diz a BBC Brasil: (...) “Os protestos começaram no dia 10 de março, 49º aniversário da revolta contra o domínio chinês”. “Segundo a campanha Tibet Livre, os manifestantes de Machu foram até prédios do governo e destruíram portas e janelas. Eles também teriam incendiado lojas e empresas chinesas na cidade. No sábado, o Ministério de Segurança Pública da China ordenou o aumento da presença da polícia nas regiões atingidas por protestos. A população de Lanzhou parece saber pouco do que está ocorrendo na região tibetana de Gansu e em outros locais”.


“A primeira página do jornal local Lanzhou Morning Post destacava a reeleição do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao”. ‘O preço dos bens de consumo subiu muito rápido, então acho que os protestos estão ligados a isso’, disse uma mulher à BBC. “Mas outras pessoas que queriam comentar os protestos mostraram pouca simpatia à causa tibetana”. ‘Acho que estão causando tumulto sem ter razão’, disse um homem à BBC, e arrematou: ‘Acho que (os protestos) estão sendo organizados pelo Dalai-Lama, para atingir as Olimpíadas’. [5]


[1] http://www.rebelion.org/noticia.php?id=64952
[2] http://infortibet.skynetblogs.be/post/5284744/een-gouden-bushmedaille-en-engel-merkel-voor-
[3] http://infortibet.skynetblogs.be/post/5433093/tibetaanse-en-internationale-reacties-bij-de-
[4] http://infortibet.skynetblogs.be/post/5512204/het-schaduwcircus-de-cia-in-tibet-een-documen
[5] http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/03/17/ult4909u2881.jhtm

*Sidnei Liberal, Médico, membro da Direção do PCdoB - DF

quarta-feira, 26 de março de 2008

O PIG e suas contradições

Ouvindo a CBN ontem (25/3) de manhã, estavam Adalberto Piotto (âncora) e Carlos Alberto Sardenberg falando sobre a hipótese de o governo restringir o crédito para deter uma possível inflação (hipótese por eles classificada como "balão de ensaio", lançada pelo próprio governo - como se a imprensa não lançasse mão deste tipo de artifício).

Mas estavam tratando do assunto, quando mais uma vez me chamou a atenção o tom conservador desse Sardenberg. Segundo ele, o governo adota um "viés autoritário, viés de achar que as pessoas não sabem tomar conta das suas vidas". Continua: "o governo está dizendo que as pessoas, as famílias, não sabem tomar conta do seu orçamento". E termina com a bronca: se "o ministro (Mantega) está preocupado com as contas, que se preocupe menos com as dos outros e mais com as dele". A entrevista está em Governo pensa a economia de maneira contraditória (25/03/2008).

E o governo que é autoritário...

Mas o que me chamou a atenção foi que, em seguida, um empresário presidente de alguma instituição (não me lembro qual), sendo entrevistado pelo mesmo Piotto, diz que a tal instituição têm cursos de gerenciamento do orçamento familiar.

Quer dizer que o Estado não pode se intrometer, mas a iniciativa privada pode?

sábado, 22 de março de 2008

Ainda sobre a demissão do PHA

Impressionante como a atitude do iG está dando panos pra manga. Vale a pena ler http://tudo-em-cima.blogspot.com/ e http://edu.guim.blog.uol.com.br/. Agora vou embora que tá na hora de dormir...

quarta-feira, 19 de março de 2008

No Peru, mascar a folha de coca é uma prática sagrada


Chrystelle Barbier
Correspondente em Lima


Proibir a mastigação da folha de coca? A idéia faz sorrir Teófila, 54 anos, que vende legumes num mercado de Lima. "As pessoas do campo estão acostumadas a mascar a sua coca: é assim já faz séculos e não será agora que eles irão parar", garante. "A minha família mora nos Andes e, nesta região, ninguém vai trabalhar sem antes consumir a sua coca, pois o fato de mascá-la proporciona energia e mata a fome", acrescenta.

Contudo, da mesma forma que muitos peruanos, Teófila está a par da notícia que andou circulando nos últimos dias. Foi divulgado em 5 de março o mais recente relatório do Órgão Internacional de Controle dos Entorpecentes (Oics, na sigla em inglês). Neste documento, esta comissão cuja função é de vigiar a aplicação dos tratados internacionais relativos às drogas, recomenda que os governos da Bolívia e do Peru tomem medidas no sentido de "suprimir ou proibir as atividades contrárias à Convenção de 1961 sobre os entorpecentes. Entre essas atividades se incluem a mastigação da folha de coca e a fabricação do mate (infusão) de coca, além de outros produtos que contenham alcalóides, que eles se destinem ao consumo interno ou à exportação".

Pilar Olivares/Reuters
A congressista peruana Hilari Supa consome folhas de coca durante sessão do Parlamento em Lima
"Costume ancestral"
Este relatório provocou uma onda de protestos entre os peruanos, que raramente deram mostras de uma tão grande unanimidade em seu movimento em defesa da folha de coca. "Os estrangeiros não podem nos dar a ordem assim, sem mais nem menos, para suprimir um costume ancestral", exclama Noé, um comerciante de 62 anos. Por sua vez, Célia, que é estudante, lamenta a existência "dos preconceitos em torno da folha de coca, que são instigados pelo narcotráfico".

O Peru é o segundo produtor mundial de cocaína, uma droga elaborada a partir de um alcalóide (molécula) presente na folha de coca. Em 2006, 280 toneladas de cocaína foram exportadas pelo Peru, contra 640 toneladas da Colômbia e 90 toneladas da Bolívia. Segundo dados da comissão peruana encarregada da luta antidrogas, 90% da produção de folhas de coca seriam dedicados à produção de cocaína. Apesar de tudo, "o consumo tradicional da folha nada tem a ver com a droga", insiste Tarcila Rivera, presidente do centro cultural Chirapaq, para quem o relatório do Oics vai na contramão dos direitos dos povos indígenas.

No Peru, mais de um milhão de pessoas admitem utilizar a folha de coca para fins alimentícios ou terapêuticos. Além de mastigá-la, muitos a consomem na forma de farinha ou de infusão, de modo a reduzir os efeitos do mal-estar provocado pela altitude. Considerada como uma folha "sagrada", e utilizada num grande número de rituais espirituais e religiosos, a coca é parte integrante da cultura das populações andinas e de certos povos da Amazônia, e isso vem ocorrendo há séculos.

"Nós continuaremos respeitando as utilizações tradicionais da folha de coca", decidiu o ministro das relações exteriores, José Garcia Belaunde. As autoridades de Lima, que vêm conduzindo uma política antidrogas financiada pelos Estados Unidos, não hesitaram a rejeitar as recomendações do Oics que dizem respeito aos costumes locais. Além disso, elas lembraram que o Peru havia obtido por ocasião da Convenção das Nações Unidas contra o tráfico ilícito dos entorpecentes, em 1988, que as medidas futuras levassem em conta as tradições ancestrais.

Na Bolívia, o presidente Evo Morales, que busca promover a industrialização da coca, também manifestou firmemente a sua oposição ao relatório do Oics.

É assim que a grande mídia opera:

Recentemente, o Estadão trouxe uma matéria informando do aumento da evasão escolar por conta da Bolsa Família.

A matéria era incompleta. Na verdade houve um aumento na freqüência escolar por conta da Bolsa Família. Só que, quando os filhos chegavam aos 16 anos, acabava o estímulo da Bolsa Família e, sem condições, os jovens acabavam abandonando a escola. Na verdade a evasão era por insuficiência de Bolsa.

Agora o presidente da República editou Medida Provisória que estende os benefícios da Bolsa aos jovens de 16 e 17 anos. Reduz a evasão escolar de um universo estimado em 1,7 milhão de jovens.

Manchete da “Folha”: “Bolsa Família cresce e alcança 1,7 mi de potenciais eleitores”.


(Nassif)

Pé na bunda!

Pra quem não sabe, o Paulo Henrique Amorim foi "demitido" do iG por fax. Parece que mexeu com quem não devia... Seu blog agora tem endereço novo: www.paulohenriqueamorim.com.br. Foi acompanhado por Mino Carta, que escreveu:

Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada.

É a liberdade dos barões da imprensa...

Abril.ig.com.br e o silêncio dos inocentes

A Editora Abril está hospendando o conteúdo de suas revistas no IG. O leitor pode acessar www.abril.ig.com.br. A Veja também está lá. Está maquiado, mas acessando por aqui você chega na Veja: http://veja.abril.ig.com.br.


Isso pode explicar muita coisa a respeito da demissão realizada de forma abjeta pela direção do IG ao âncora do portal. Como também ficarei bastante intrigado se de repente começarem a aparecer publicidades do governo do Estado e de algumas prefeituras, como a de São Paulo, por exemplo, no portal.

Acompanhando o voto do “relator”, o jornalista Luiz Azenha que já pediu para seus leitores não votarem mais no seu site no Ibest, estou tomando a mesma decisão. A página virtual da Fórum e este blogue se julgam fora do concurso a partir deste momento.

Além disso, estou muito preocupado com a forma como alguns blogueiros do IG estão tratando a saída de PHA.

Alguns, como o site do José Dirceu e do Favre, ignoraram a história. Outros, como o do Nassif, a trataram de forma simpática, mas como algo da vida. O único que pediu demissão via post foi Mino Carta.

A demissão de PHA na forma e no contexto como ocorreu não é apenas uma demissão. Acho que os leitores têm obrigação de começar a protestar não só contra o IG, mas também a dialogar como esses blogueiros. Usar a tática do silêncio dos inocentes nessas horas é algo deprimente.

(Blog do Rovai - 19/03/2008 15:27)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Lula: a história e seus credores

O anúncio do Banco Central de que, pela primeira vez em sua história, o país se tornou credor externo vai muito além da dimensão simbólica. É a evidência de uma política macroeconômica que, responsável e consistente, consegue superar a vulnerabilidade deixada por um padrão acumulativo assentado no endividamento externo.

Não estamos deixando para trás uma crise apenas cíclica, de conjuntura, mas essencialmente estrutural cuja saída ainda exige um conjunto de medidas de profundidade, tendo em vista a mudança no caráter do desenvolvimento. O que estamos ultrapassando vem do modelo desenvolvimentista de JK, atravessa os 20 anos de oligarquia empresarial-militar iniciada em 1964 e se agrava com o modelo neoliberal implantado nos anos 1990 do século passado.

O soerguimento se dá em meio a uma reestruturação mundial do capitalismo, marcada pelo envelhecimento de padrões tecnológicos e de produção. No ocaso da divisão prevalecente dos mercados e, mais importante de tudo, do crepúsculo da ordenação comercial amparada na hegemonia do dólar, a economia brasileira mostra sua vitalidade. A lenta e dolorosa agonia do que está inexoravelmente condenado a desaparecer é o sol da nossa emergência.

Retomar o crescimento direcionado para o resgate da enorme dívida social, com as contas externas saneadas, cala de vez os que falavam em continuidade do receituário do governo anterior, tanto quanto sinaliza o perigo de um eventual retorno dos que ainda pregam um Estado enfraquecido, mínimo. Daqueles que, como bem destacou Emir Sader ("É o Estado, estúpido!"), advogam menos “Estado, em ultima instância, porque o Estado organiza os cidadãos, que são sujeitos de direitos. Menos Estado e mais mercado, que organiza consumidores, medidos não por direitos – que não são reconhecidos pelo mercado -, mas pela capacidade de consumo".

Sempre é bom recordar que, há pouco menos de uma década, a dívida externa do setor público somava R$ 103 bilhões, descontadas as reservas em dólar. Os títulos federais corrigidos pelo câmbio saltaram de R$ 68 bilhões, em setembro de 1998, para R$105 bilhões em dezembro de 1999. A ausência de políticas para o produtor nacional produziu as mais baixas médias de tarifa de importação.

Na época, o ex-presidente do BC, Gustavo Franco, não cansava de repetir que o governo FHC não tinha uma política comercial do produtor, mas do consumidor. Para que incentivos à produção se ela era orientada pela demanda do consumo? O fundamentalismo do mercado falava grosso. A supervalorização cambial, de uma só tragada, levou os US$40 bilhões obtidos com a privatização do patrimônio público.

Em debate no auditório da Folha de S. Paulo,às vésperas das eleições de 2002, Luis Carlos Mendonça, ex-ministro das Comunicações resumiu com franqueza incomum o que foi a gestão competente do tucanato:"a utilização do câmbio deixou de ser componente do plano de estabilização e passou a ser instrumento ideológico". O baixo nível das reservas e a péssima capacidade da rolagem da dívida levou o bloco de poder anterior a bater às portas do FMI.

Em sua intervenção, Paulo Rabello de Castro repudiou o fato de "o Brasil ter extrema necessidade de ser aceito lá fora. Esse aplauso externo nos custa muito caro". Castro disse que o país dos primeiros seis meses do próximo governo deveria montar uma "defesa financeira", que incluiria dois "nãos" e um "sim": Não quero endividamento, não quero FMI e quero reservas de US$ 70 bilhões".

Para o economista, com bom trânsito junto ao antigo PFL, o governo Lula deve ter saído melhor que a encomenda. Não só veio a dupla negativa como as reservas somam hoje US$188,5 bilhões.

Quando era presidente, Fernando Henrique Cardoso se propôs a superar a "era Vargas". Ou seja, fazer do Estado um apêndice do mercado. O que o sociólogo da banca não poderia supor é que oito anos depois, o desafio fosse outro: como suplantar a "era Lula" e restabelecer a velha política de terra arrasada que marcou o seu mandato? Pelo andar da carruagem, até José Serra está sendo reavaliado pelos roteiristas das redações. É feia a crise na locomotiva do atraso.

(Por Gilson Caroni Filho - Carta Maior - do Rio de Janeiro)

FHC, um piadista incompreendido

Um fenômeno que cabe à ciência política estudar mais a fundo é o porquê da impopularidade de FHC. Evitado por correligionários e aliados políticos em períodos eleitorais, os motivos para tão alta rejeição talvez repousem em um fato prosaico. Cardoso, a seu modo, é um piadista incompreendido. As recentes denúncias de Itamar Franco dando conta que o príncipe dos tucanos assinou, já licenciado do Ministério da Fazenda, as cédulas do Real podem, se confirmadas, configurar um ilícito eleitoral. Mas não será de bom tom investigar, pois a espirituosidade de um homem público nem sempre cabe nos rígidos códigos legais.

Como destaca o senador Arthur Vírgilio, outro que de tão apegado a uma boa boutade, é capaz de anunciar sua candidatura à Presidência sem esboçar um sorriso que traia a boa veia cômica, "não tem porque entrar nestas questões agora. Sinceramente, precisa ficar claro para todos é que a participação tanto de Itamar quanto de Fernando Henrique permitiu esta estabilização da economia que vivemos há 15 anos". Ou seja, devemos encarar o uso da máquina pública como algo que, vindo do PSDB, não deve ser levado a sério.

Mas os estudiosos devem voltar no tempo. Precisamente a meados de 2002, quando o chefe de Virgílio afirmava que o candidato à Presidência que ousasse mudar a sua política econômica enfrentaria a resistência da população. Ali, sem que a plebe ignara reparasse, brindou a todos com sobeja demonstração do seu apreço pelo bom humor. Quem o imaginava desprovido de lado lúdico deu com os burros n’água. Talvez essa seja a maior injustiça que cometeram seus detratores; não lhe reconhecer a vocação para o gracejo de salão.

Que, provavelmente, tenha sido mais um simulacro acadêmico que brilhante intelectual é, sem dúvida, uma tese de fácil comprovação. Há sete anos, em coluna no Jornal do Brasil, Millôr presenteou os leitores com a transcrição de trecho tão ininteligível como vazio de sua obra mais prestigiosa: “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, escrita a quatro mãos com Enzo Faletto e incensada no meio acadêmico, até meados dos anos 80, como superação da "surrada teoria do imperialismo". O CEBRAP nunca negou espaço a quem se dispôs a endossar o caráter gracioso da nossa gente. Novos estudos sempre foram apreciados.

Que talvez nenhum outro presidente tenha usado tanto o orçamento como peça essencial para composição de eventuais maiorias parlamentares, em votações delicadas para o governo, é fato facilmente comprovável pela leitura diária de jornais daqueles oito anos. Patrimonialismo, barganhas fisiológicas e terrorismo eleitoral foram práticas recorrentes dos que hoje se arvoram em defensores da moralidade pública.

Nunca fomos tão pouco República como nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Sem planos estratégicos de médio prazo, assinamos de vez uma inserção subalterna no cenário internacional. Já fomos ‘‘subdesenvolvidos’’, ‘‘periféricos’’, ‘‘dependentes’’, ‘‘terceiro mundo’’, ‘‘emergentes’’ e, naquela quadra, tal como o câmbio, nos tornamos um país flutuante. Um cassino administrado por um gerente poliglota com o apoio logístico de um player que bancava a mesa no Banco Central. Claro, tudo isso com muito humor.

Se não avançamos politicamente, ao menos atualizamos a piada. Já não eram mais os ‘‘aposentados vagabundos’’ ou os ‘‘caipiras fracassomaníacos’’ os objetos das hilárias pontuações presidenciais. O universo dos risíveis aumentou consideravelmente. Aquele que se atrevesse a mudar a política econômica encontraria a justa revolta dos 11 milhões de desempregados por ela. Todos convertidos ao ‘‘direito à preguiça’’ defendido por Paul Lafargue, genro bem-humorado de Marx. Não menos intensa seria a ira dos que, ainda empregados, viram sua renda média decrescer acentuadamente no festim do tucanato risonho. Sem contar a fúria dos 33 milhões de famintos e 50 milhões de pobres que não pensavam em outra coisa a não ser em permanecer colaborando com o sucateamento do patrimônio público.

Em suma, ‘‘o príncipe dos sociólogos’’ tentou, mediante lorotas admiráveis, adaptar aos novos tempos máximas pretéritas. Algo como ‘‘há que empobrecer, mas sem perder o humor jamais’’. Pena que poucos tenham achado qualquer graça. Gente irritadiça que hoje apóia um governo capaz de promover crescimento sustentável.

O líder do PT na Câmara, Maurício Rands, pede “uma reflexão do país inteiro sobre uso de máquina pública e instrumentalização das eleições". É muita sisudez do deputado pernambucano. Pois eu, que já entendi o espírito da oposição, ando com receio da candidatura de Virgílio. Se fizer dobradinha com Fernando Gabeira que, em seu retorno ao Brasil, escreveu um livro (O que é isso companheiroi?) seqüestrando o seqüestro do embaixador americano e deixando, na melhor tradição macunaímica, que lhe atribuíssem um protagonismo que nunca teve no episódio, as chances de vitória são imensas.

Basta que o brasileiro volte a ser risonho e eleja o nonsense como referência ética. Piadas ingênuas e chistes tendenciosos são armas eficazes. Essa turma é um perigo. Numa gargalhada toma o poder e reverencia De Gaulle.

(Por Gilson Caroni Filho - Carta Maior - do Rio de Janeiro)

quarta-feira, 12 de março de 2008

terça-feira, 11 de março de 2008

Rodoanel na contramão

Segundo o Terra, o trecho Oeste do Rodoanel foi privatizado, seguindo o modelo de concessão pelo menor valor de pedágio.

Apresentam-se assim, duas questões: primeiro, a privatização de uma rodovia recém construída. Por que não se realiza o processo antes da construção, e assim os custos da obra correm por conta da iniciativa privada? Não, continua-se socializando o prejuízo e privatizando o lucro.

Segundo porque cria obstáculo para o uso de uma rodovia que tem por objetivo desafogar o trânsito nas marginais. Agora o motorista vai escolher entre andar de graça nas marginais ou pagar para andar no Rodoanel. Qual será a escolha?

Governador: tem que ter pedágio dentro de São Paulo, para estimular o uso de caminhos periféricos e do transporte público. Tem que tirar os carros e caminhões da cidade. O sr. e seu prefeito biônico têm peito para encarar essa?

É o governo do Estado de São Paulo andando na contramão!

sábado, 1 de março de 2008

Sobre o trânsito em SP

Os dados a seguir foram obtidos no site do Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif e em conversas de boteco:
  • Em São Paulo são licenciados de 300 a 800 novos carros por dia (são aproximadamente 200.000 novos veículos por ano);
  • Para que o trânsito da cidade continue como está, seria necessária a construção de 8 avenidas Faria Lima por ano;
  • O número de veículos na cidade chegou a 6 milhões;
  • 14% dos carros do Brasil estão na cidade de São Paulo;
  • Nos últimos 30 anos, a frota de automóveis em São Paulo aumentou em 600%, a rede viária aumentou 15%;
  • O congestionamento que vai parar a cidade já tem data: outubro de 2012. Serão 500km;
  • O Metrô de SP começou a ser construído na década de 70, juntamente com o da Cidade do México. Nós temos uns 56km de linhas. Eles têm mais de 200km.

Me parece que a restrição ao uso de automóveis é a única saída no curto prazo.

SP registra maior congestionamento do ano

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que a cidade de São Paulo registrou no período da tarde de hoje um novo recorde de congestionamento do ano. A lentidão chegou a 209 km, às 19h. A CET apontou como causa o excesso de veículos.

O marca anterior era de 181 km, às 19h, no dia 24 de janeiro. O recorde anterior foi atribuído à véspera de feriado prolongado (aniversário de São Paulo).

A CET também registrou, na manhã de hoje, o maior índice de congestionamento na cidade de São Paulo para o período da manhã neste ano. Às 9h30, havia 146 km de lentidão.


(Terra)